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Em 13 anos, Santa Maria teve pelo menos 166 mortes no trânsito

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
A Avenida Medianeira concentra grande movimentação de veículos e pedestres em Santa Maria

Com uma frota de 160 mil veículos, Santa Maria impõe desafios e riscos no trânsito. Uma combinação, em especial, mostra-se um componente ainda mais letal para quem trafega pelas ruas da cidade: a postura agressiva e intimidatória no volante. A avaliação é de especialistas. Em 13 anos, de 2007 até julho de 2019, dentro do perímetro urbano, ocorreram 166 mortes no trânsito.  

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Os números constam na série histórica do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS), iniciada em 2007, e que mostra o total de óbitos ao longo dos 12 meses de cada ano. Até julho, 2019 já registrou cinco mortes na zona urbana. O número representa a metade do total de óbitos em todo 2018, que foi de 10. A metodologia utilizada pelo Detran contabiliza as vítimas que morrem até 30 dias depois do acidente. Também ficam excluídos trechos de rodovias (estaduais e federais) que cruzam a cidade.

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A efeito de comparação, quando o Detran começou a quantificar as mortes no trânsito dentro da cidade, em 2007, Santa Maria teve nove mortes. O ápice dos acidentes com vítimas fatais ocorreu em 2011, quando, à época, 21 pessoas perderam a vida. 

Ainda dentro desse período, medido pelo Detran, a cidade teve, em oito anos, acidentes que deixaram sempre um saldo acima de 10 mortes. Ao longo de 13 anos de aferição de dados, a realidade menos trágica, até aqui, é a de 2019, destaca o secretário de Mobilidade Urbana, Orion Ponsi.

- Toda morte no trânsito é sempre algo a lamentar. Pode-se dizer que, na totalidade das mortes, há quase sempre uma infração agregada. Por isso, o nosso trabalho é permanentemente o de proteger quem está no trânsito, seja o motorista ou o pedestre. Aí, então, nos valemos da presença física dos agentes de trânsito e de outros métodos de contenção, como uso de etilômetro, para coibir certas práticas. O sentido inibidor é educativo e, assim, faz com que os motoristas repensem sua postura - diz.

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Colisões frontais e traseiras fazem frente àqueles acidentes com vítimas fatais. Na sequência, as colisões laterais e também os atropelamentos são pano de fundo dos óbitos. As mortes, em sua maioria, deram-se no começo do fim de semana, entre sexta e domingo. O turno da noite é, quase sempre, o que concentra o maior número de vítimas. Homens, a maioria na condição de condutores dos veículos, prevalecem entre os mortos.

COIBIR PARA PREVENIR
É na esteira de uma medida polêmica, a utilização de controladores de segurança para fins de medir a velocidade em ruas e avenidas com intenso fluxo de veículos, que a prefeitura de Santa Maria vê a possibilidade de apostar parte de suas fichas em uma freada na escalada das mortes no trânsito dentro do perímetro urbano. Para Ponsi, a autuação, seja com a presença física de agentes de trânsito ou com a utilização de equipamentos móveis (radares) ou fixos (controladores e câmeras), pode e deve ser utilizada pelo poder público para reduzir acidentes:

- Tudo que for necessário para frear o número de mortes deve ser colocado à mesa e levado em conta.

Os fatores de risco e o que é possível ser feito para diminuir os acidentes 
Para o doutor em Mobilidade Urbana e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Carlos Félix, há muitas variáveis que envolvem um acidente de trânsito e que podem levar à morte de pessoas:

- Há muitos fatores que, de praxe, contribuem para a perda de vidas no trânsito. A mais recente delas é o que chamamos de condição distraída. Ou seja, a pessoa usa o celular e abstrai do resto. Além disso, temos outro vilão, que é a combinação perigosa de álcool e direção, e, sem dizer, o excesso de velocidade em vias. Essas são, em geral, as condições que mais causam mortes. Mas ainda há a inobservância do cinto de segurança, seja pelo motorista, carona ou por quem está no banco de trás.

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Félix aponta para a necessidade de se apostar mais em instrumentos de infraestrutura de segurança para a mobilidade, como semáforo para pedestres, estreitamentos de vias e utilização de câmeras de segurança. 

João Fortini Albano, professor de Transportes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e doutor em Sistemas de Transporte, avalia que o comportamento do motorista _ seja em Santa Maria ou em grandes centros urbanos _ é quase sempre muito semelhante: a falta de entendimento quanto a uma cultura de convívio harmônico e civilizado. Sobre os números locais, Albano avalia que há uma tendência, nos últimos anos, de uma curva decrescente no número de mortes. O que, segundo ele, pode estar associado a uma série de fatores.     

- Podemos ter, por exemplo, uma maior conscientização do motorista, ainda que timidamente. Ou ainda uma fiscalização eficiente por parte da prefeitura e, inclusive, um regramento melhor do trânsito, com sinalização satisfatória, etc. Esse conjunto, na totalidade, pode, sim, trazer uma redução de acidentes com morte - afirma.

Albano defende uma legislação rígida quanto a casos de motoristas que não saibam conviver nas ruas da cidade. Para ele, o melhor remédio é a multa, que ele considera o mais acertado instrumento de redução de acidentes com morte por ser um mecanismo eficiente e rápido. 

- Pelo fato de o motorista ter medo de ser multado, há, aí, margem para que mais vidas sejam salvas - assevera.

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